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DEVOçãO SECULAR  - 09.10.2009 às 16:38:15

Por: Júnior Vieira

Mais uma vez, a comunidade de Paço do Lumiar se reúne em torno do que é considerada uma das tradições folclóricas mais arraigadas da cultura popular maranhense, a Festa do Divino Espírito Santo. Presente na rotina dos moradores há mais de 200 anos, o festejo mantém os rituais trazidos por portugueses, jesuítas e açorianos. A programação foi iniciada em abril com a Abertura da Tribuna, quando se inicia simbolicamente a festa, prossegue no dia 17, com o Buscamento e Levantamento dos Mastros, e termina dia 26, quando ocorre o Derrubamento dos Mastros e o Carimbó.

Entre o início e o final da Festa ocorrem diversos tipos de rituais. Um deles é o da Visita dos Impérios, que será realizado no dia 24. É nesta parte do festejo que as caixeiras saem pelas ruas executando os toques e os cantos, uma das características mais conhecidas da manifestação. “Nessa parte, Imperador e Mordoma se visitam. Essa visita é real e obedece a um ritual específico”, conta o chefe do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, Sebastião Cardoso.

O ritual da Visita começa com a realização de uma missa, na capela Nossa Senhora da Luz (padroeira do local). Em seguida, a Mordoma envia um pedido de visita ao Imperador. Isso é feito por meio das caixeiras. Autorização concedida, a Mordoma chega à casa do Imperador, que oferece um banquete à convidada. Finalizada essa etapa, é a vez do Imperador visitar a Mordoma. “Mas ele não precisa pedir autorização. Apenas dá um aviso”, explica o chefe do Centro de Cultura Popular. Mais um banquete é servido.

Essa parte da Festa do Divino dura toda a noite e, já na manhã seguinte, ocorre uma Missa. À tarde é feito o Sorteio do Pelouro. “É quando toda a irmandade se reúne para saber quem serão os próximos ‘festeiros’”, conta Sebastião Cardoso. Da mesma forma que as outras etapas do Festejo, o Sorteio segue um ritual que inclui a colocação dos nomes em uma bandeja de prata.

O Derrubamento dos Mastros e o Carimbó são as etapas seguintes da Festa do Divino. As caixeiras entregam as caixas aos homens, que se tornam responsáveis pela execução do carimbo. Uma multidão se reúne para a dança e segue os tocadores na caminhada de casa em casa, para o recolhimento das prendas.

Finalizando os rituais, as caixeiras se reúnem com membros da Irmandade e realizam o Fechamento da Tribuna, uma parte mais privada da Festa.

Respeito
Toda a manifestação do Divino Espírito Santo é realizada com muita festa. Além das músicas dos rituais, ocorrem outras festas paralelas na comunidade. Mas, como prova da devoção, cada vez que as caixeiras anunciam sua chegada, ao som de toques de caixa, as demais comemorações são silenciadas e só são retomadas após a finalização do ritual. “Não é uma obrigação, mas uma tradição”, diz Sebastião Cardoso.

Dedicação
A Festa do Divino Espírito Santo só é possível pelo esforço dos moradores de Paço do Lumiar, que se unem para realizar o festejo. Isso significa tanto empenho físico, quanto econômico, etapa na qual recebem o apoio do Governo do Estado, por meio do Projeto Divino do Maranhão, coordenado pela Superintendência de Cultura Popular, da Secretaria de Cultura do Estado.

Um pouco de história
Registros indicam que a Festa do Divino Espírito Santo é uma manifestação religiosa que surgiu em terras portuguesas no início do século XIV. Segundo um estudo realizado pelo antropólogo Sérgio Ferretti, professor da Universidade Federal do Maranhão, o nome vem do catolicismo e as comemorações ocorrem no Domingo de Pentecostes, data móvel celebrada 50 dias após a Páscoa. Nesse dia é lembrada a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, representado iconograficamente por uma pomba e por línguas de fogo.

Na Portugal do século XIV, eram realizadas celebrações religiosas em homenagem a terceira pessoa da Santíssima Trindade, com banquetes coletivos chamados de “Bodo aos Pobres”, quando eram feitas distribuições de comidas e esmolas. Daí surgiu a Festa do Divino Espírito Santo.

A literatura histórica dá indícios de que a manifestação chegou ao Brasil por volta de 1765, trazida por portugueses e jesuítas, embora alguns pesquisadores afirmem que foram os açorianos os responsáveis pela vinda da Festa do Divino Espírito Santo para terras brasileiras.

Em Paço do Lumiar a manifestação é realizada há mais de 200 anos, herança das festas que aconteciam nos aldeamentos jesuítas. Com as mesmas características da manifestação de Alcântara, a Festa do Divino de Paço do Lumiar é organizada por uma irmandade católica, sendo comemorada na Igreja da Matriz de Nossa Senhora da Luz, na Capela do Divino e na Casa do Pombo.

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