Por: Francisjanno Afonso Lima
Como atividade prevista no projeto de Inventário e Cadastramento de Sítios Arqueológicos do Maranhão, implementado pelo Centro de Pesquisa, o diretor da Instituição o arqueólogo Deusdédit Carneiro Leite Filho, a convite do diretor da Casa de Nhôzinho, Jandir Gonçalves, realizou visita técnica ao município de Carutapera. A viagem objetivou a documentação de manifestações nos terreiros de Mina que ocorrem no dia 19 de abril, dia do índio, quando são realizadas cerimônias que homenageiam as entidades da mata. Na oportunidade foi efetuado também um reconhecimento preliminar do potencial arqueológico do município, uma vez que os técnicos do CPHNAMA já tinham conhecimento da existência de recursos arqueológicos no município.
A região é conhecida desde o séc. XVIII pelo seu potencial aurífero e abrigava no período dos primeiros contatos diversas etnias indígenas, inclusive os Caru habitantes iniciais da área onde se localiza a sede do município, que originou etimologicamente a grafia Carutapera, antiga morada dos Caru.
A partir da coleta de informações orais obtidas junto a antigos moradores da região, foram identificados três sítios conhecidos na literatura arqueológica como oficinas líticas, frutos das atividades manufatureiras de grupos pré-coloniais. O primeiro foi localizado na faixa continental de influência do rio Gurupi, onde ocorrem diversos afloramentos graníticos que foram utilizados na confecção de artefatos líticos. Esses instrumentos de pedra eram obtidos através do processo de fricção e abrasamento numa matriz rochosa, ação que deixava profundos sulcos e depressões, oriundos do polimento e posterior ato de amolar os gumes dos machados e artefatos de pedra similares. Os outros dois sítios foram localizados na zona litorânea na ilha do Cantagalo, onde numa área de apicum entre o mangue e a terra firme, aflora um conjunto significativo de blocos areníticos, sendo que em pelo menos duas dessas matrizes foram detectadas marcas de uso: amoladores e polidores que a população local identificava como representação de mão. Esta última ilha também é reconhecida no imaginário regional como local de encantaria, onde, em função do seu caráter sobrenatural e mágico, são realizadas cerimônias de Tambor de Mina em ocasiões especiais.
Com o apoio da Prefeitura, representada pelo diretor de Cultura e Patrimônio, Sr. Ivanilton Amorim, foi visitada a pedra do Gurupi, em alto mar, na altura da desembocadura do referido rio, também de importância simbólico-religiosa para as populações litorâneas pela associação ao universo mítico e ao Sebastianismo. No local foram documentadas e georreferenciadas as ruínas remanescentes do antigo farol do Gurupi, como também a ocorrência de algumas cavidades naturais de interesse para a pesquisa arqueológica e espeleológica.
Por: Deusdédit C. leite Filho.
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