Por: José de Mário Moraes Ferreira
O Teatro Alcione Nazaré, do Centro de Criatividade Odylo Costa,filho recebeu na tarde de quarta-feira (11) representantes das tribos indígenas maranhenses Cricati, awá Guajá, Canelas, Guajajaras e Ka’apor, dentro da programação da V Semana dos Povos Indígenas, que acontece até sábado 14 de maio, promovida pela Secretaria de Estado da Cultura através do Centro da História Natural e Antropologia do Maranhão. O antropólogo Rafael Pessoa moderou as mesas redondas, que trouxeram a Festa do Caju do povo Ka’apor, como um dos temas das discussões.
Entre as várias apresentações dos costumes e cantos indígenas, o documentário Zesmuish- ohaw – A Festa do mel dos índios guajaaras, foi lançado. José Damasceno Figueiredo (coordenador da Semana) moderou a segunda mesa redonda, que contou com os convidados Maria Santana Guajajara, Vicente Ramúi Guajajara e Cintia Guajajara.
A palestra foi ministrada por Milton Guajajara, cantador da tribo. Os indígenas cantaram, dançaram e com muitas rezas homenagearam o Trepuíra; pássaro de penas avermelhadas muito apreciado pela tribo, além de explicar todo o desenvolvimento da misteriosa Festa do Mel. “Esta festa é de extrema importância para nós da tribo Guajajara, é uma festa que não acontece todos os anos, e quando acontece, sempre fazemos no mês de Outubro”, disse Milton Guajajara.
A festa envolve muitos mistérios, a preparação e o sobrenatural são características fortes da mesma. Depois que o mel é recolhido, cerca de 25 cabaças são cheias de mel. Um local é preparado e consagrado com orações e canções entoadas apenas para esta festividade. “Ninguém pode se aproximar, falar, ou discutir. Nem mesmo as crianças podem brincar no local preparado. Nestes dias de preparação e consagração, é muito importante que todos estejam unidos, ninguém pode estar chateado, ou levar qualquer energia negativa para dentro da festa”, informou Milton. O indígena ainda fez referência à união das abelhas. “Assim como as abelhas trabalham juntas e unidas em um só objetivo, assim também fazem os índios”, disse.
Parte da palestra foi usada pelos indígenas para mencionar a necessidade e importância da terra para a sobrevivência da própria tribo. “Temos alegria de termos terra pra plantar e viver do nosso cultivo, tudo o que queremos é viver em paz, mas o plantio de eucalipto tem trazido problemas para nosso povo”. Disse o cantador Guajajara.
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Texto e Foto: James Esdras (Ascom.Secma).
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