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PROCISSõES ARRASTAM FIéIS PELAS RUAS DO CENTRO DE SãO LUíS - 26.03.2010 às 17:56:39

Por: José de Mário Moraes Ferreira

As Igrejas da Sé e de Santo Antônio, ambas no perímetro histórico da capital, reuniram na tarde dessa sexta-feira, 26, católicos de todas as idades para a tradicional Procissão do Encontro, que este ano teve o apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Secma), por meio do Projeto Quaresma Cultural, da Superintendência de Cultura Popular (SCP).

As procissões saíram no mesmo horário, por volta das 18h. Da Igreja de Santo Antônio, os fiéis seguiram o andor com a imagem de Nossa Senhora das Dores até o Largo do Carmo. Enquanto isso, na Catedral da Sé, católicos assistiram a uma missa e depois seguiram em procissão conduzindo o andor de Bom Jesus dos Navegantes, que na tarde da quinta-feira, 25, foi levado, na Procissão da Fugida, para a Sé.

No Largo do Carmo, as procissões se encontraram. “Daí o nome Encontro, que também se refere ao momento em que Jesus Cristo, a caminho do Calvário, vê a mãe, Maria”, explica o diretor do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, Sebastião Cardoso.

No Largo do Carmo, os andores foram colocados em pontos diferentes, mas próximos um do outro. Entre eles, o padre César de Souza, da Catedral da Sé, fez o sermão que, em suma, abordou o significado do caminho de Jesus para o Calvário. “É muito importante lembrarmos dos sofrimentos de Cristo para salvar a humanidade. Somente analisando cada momento do caminho feito por Ele poderemos perceber que necessitamos nos voltar para a nossa purificação”, disse o religioso.

A fé move montanhas
As procissões da Quaresma costumam ser organizadas por irmandades. Quando esses grupos religiosos estão inativos é a comunidade quem se responsabiliza pelo evento religioso.

No caso da Procissão do Encontro, tanto a comunidade, quanto a Irmandade de Bom Jesus dos Navegantes estiveram à frente das celebrações. E não pouparam esforços, inclusive físicos, para manter a tradição. Uma prova disso são os homens responsáveis pela condução dos andores, cada um pesando quase 600 quilos.

Segundo o membro da Irmandade Bom Jesus dos Navegantes, para dar conta da tarefa, há um constante revezamento. “Fazemos paradas estratégicas para descanso. Nesses momentos, quem está mais cansado é substituído por outro membro”, revela.

De acordo com Sebastião Cardoso, a ação de carregar o andor – que poderia ser conduzido em um carro aberto, como aconteceu em outras procissões da Quaresma – é uma questão de tradição no Encontro. “Sempre foi assim. É uma questão de fé. Por isso dizemos que nessa procissão, assim como na Fugida, podemos perceber resquícios do tradicionalismo católico”.

Aproximadamente, 30 pessoas fazem parte da irmandade, pertencente à Igreja de Santo Antonio. Durante a procissão, todos os integrantes vestiam capa roxa, por ser a cor litúrgica do período quaresmal, e murça azul, que é a cor da irmandade. Segundo o restaurador, cada irmandade possui uma cor, com a finalidade de diferenciá-las.

Para o restaurador de antiguidades e membro da Irmandade de Bom Jesus dos Navegantes há 23 anos, Flávio Veiga, participar da irmandade é uma tradição familiar. “Faço parte por causa dos meus antepassados. É uma forma de dar continuidade: quando o avô ou o pai morrem, alguém deve assumir esse lugar na irmandade”. Flávio também é o responsável por confeccionar o andor e as vestimentas da imagem de Bom Jesus dos Navegantes.

Após o sermão no Largo do Carmo, os fiéis se juntaram e seguiram para a Capela de Bom Jesus dos Navegantes, na Igreja de Santo Antônio. No local, mais orações antes que as imagens fossem retiradas dos andores e devolvidas aos altares.

Texto: Junior Vieira (Ascom.Secma)
Foto: JUliana Lobo (Ascom.Secma)

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