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PRIMEIRO BLOCO AFRO DO MARANHãO, AKOMABU DESENVOLVE TRABALHO QUE VAI ALéM DA FOLIA - 12.02.2016 às 17:09:12

Por: Assessoria de Comunicação

“O povo negro quer bater tambor, mas também quer se formar na universidade!”, com este recado Tadeu de Obatalá, uma das referências do bloco Afro Akomabu, convoca os integrantes do bloco para o tradicional arrastão feito todo domingo de carnaval pelas ruas do Centro de São Luís.
Fundando há 32 anos, o Akomabu, palavra que na língua yorumbá significa “a cultura não deve morrer”, representa um aspecto do carnaval maranhense que vai muito além da folia e se estende durante todo o ano em ações voltadas para a conscientização política e a luta pela igualdade racial, que são o grande diferencial dos blocos afro no carnaval maranhense.

A proposta de construção do bloco surgiu dentro do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA). Fundado em 1979, durante o período de redemocratização do país, que vivia naquele momento o início do processo de derrocada da ditadura militar, o CCN, com sede no bairro do Bares, na periferia de São Luís, passou a se tornar uma referência na defesa dos direitos da população negra do Maranhão, e também na luta contra o racismo e pela garantia de direitos que futuramente seriam consolidados com a volta do país à democracia com a Constituição de 1988.

Carlos Benedito Rodrigues da Silva, o Carlão, professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) é um dos protagonistas da trajetória do Akomabu, que ele considera o grande inspirador dos demais blocos afros existentes no estado. “Nossa atividade não se resume ao Carnaval. Temos um trabalho muito forte junto às comunidades. Hoje nossa bateria, por exemplo, tem muitos jovens que são saídos do projeto Arte de Erê e ficamos felizes em ver que outros blocos afros trilham este mesmo caminho, que iniciamos”, comenta.

O ecoar dos tambores ressoa pela Rua de São Pantaleão, enquanto a bateria do bloco vai aquecendo o clima antes do cortejo pelas ruas do Centro. A Rua São Pantaleão, tradicional ponto do circuito carnavalesco em São Luís, também é sede da Casa das Minas, mais antigo terreiro de Mina da cidade, fundado no século XIX por escravos africanos vindos do Reino de Daomé atual República do Benin.

Em 2016, não foi possível o Akomabu receber a benção das Casas das Minas em virtude do falecimento de pessoas que atuavam junto a este terreiro, considerado uma referência da religiosidade do povo negro maranhense, mas ainda sim o bloco saiu da Rua São Pantaleão, pois conforme acentua Carlão, é impossível separar o trabalho do Akomabu de todo o contexto de defesa e preservação da cultura negra no Maranhão. Este ano, o bloco faz uma homenagem a festa do Divino Espírito Santo.

Com 22 anos de idade, e há cinco fazendo parte no Akomabu, Sâmara Regina, moradora da Vila Embratel, na área Itaqui-Bacanga, considera essencial o trabalho feito pelo Akomabu durante os demais dias do ano. “Decidi participar do Akomabu por que aqui a gente aprende a valorizar a nossa história, a acreditar no potencial que nós temos e o trabalho social feito pelo bloco faz diferença na vida de muitas pessoas”, ressaltou.

Hip Hop, atabaques e Iemanjá
Os demais blocos afros que fazem parte das atrações do carnaval maranhense têm a história do Akomabu como referência. No sábado de carnaval, dois destes blocos, o Didara e o Oficina Afro se apresentaram nos circuitos da folia. O Didara, fundado em São José de Ribamar, é composto por muitas crianças e adolescentes. A juventude também marca espaço no bloco Oficina Afro e deixou seu recado com direito a batida do Hip Hop tocada por atabaques e demais instrumentos da bateria do bloco.

No ano que é regido por Iemajá, a Rainha das Águas, o Akomabu seguiu a sina de representar com imponência o orgulho da cultura negra no Maranhão e mostrar porque se tornou ao longo de mais de 30 anos um motivo de referência dos demais blocos afros do estado. Nem mesmo a chuva intensa que caiu na tarde do domingo de Carnaval impediu que o Akomabu desse o recado de luta, resistência e comprometimento com uma sociedade sem discriminação racial pelas ruas da capital maranhense. Foi assim, banhado pelas águas vindas do céu e sob as bênçãos de todos os orixás, que o Akomabu arrastou os foliões no final da tarde do domingo de carnaval.

Caso alguém que ainda não tivesse visto esse bloco desfilar perguntasse o que bandeira era aquela?A resposta certamente viria como os versos de uma canção de Escrete, um dos homenageados no Carnaval de Todos, realizado pelo governo do Estado e prefeitura de São Luís. Na música composta em parceria com Joãzinho Ribeiro há um verso que sintetiza bem a importância do Akomabu e dos blocos afros não apenas para a cultura, mas também para o cotidiano da sociedade maranhense. Pois quem vê o Akomabu passar fica logo sabendo que bandeira é aquela. “É Luther King, é Zumbi, Nelson Mandela!”.

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